CONTAÇÃO DE HISTORIAS - O GUIA definitivo
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Contar histórias é a mais antiga das artes. Elas são fontes maravilhosas
de experiências. São meios de ampliar o horizonte da criança e de aumentar seu
conhecimento em relação ao mundo que a cerca. É através do prazer ou emoções
que as histórias lhes proporcionam que o simbolismo, implícito nas tramas e
personagens, vai agir em seu inconsciente. Ali atuando, ajudamos, pouco a
pouco, a resolverem os conflitos interiores que normalmente vivem.
Os significados simbólicos dos contos estão ligados aos eternos dilemas
que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional, quando se dá a
evolução, a passagem do eu para nós. A literatura infantil, principalmente os
contos de fadas, podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si
mesma e ao mundo a sua volta.
As diferenças que mostram os personagens bom e maus, feios e bonitos,
poderosos e fracos, facilitam à criança a compreensão de certos valores básicos
da conduta humana ou do convívio social. Através deles a criança incorporará
valores que desde sempre regem a vida humana. Confrontada com o bom e o belo a
criança é levada a com eles se identificar, por trazerem em si a semente da
bondade e da beleza. Identificando-se com heróis e heroínas, ela é levada a
resolver sua própria situação, superando o medo que a inibe e ajudando-a
enfrentar os perigos e ameaças que sente a sua volta.
Nesse artigo, você aprenderá:
o
O que é e como fazer a hora do conto;
o
Quais critérios utilizar para escolher as histórias;
o
Sugestões de histórias infantis;
o
Sugestões de recursos e técnicas utilizadas para contar histórias com
criatividade.
Hora do conto: Por
que contar histórias?
o
As histórias formam o gosto pela leitura: quando a criança
aprende a gostar de ouvir histórias contadas ou lidas, ela adquire o impulso
inicial que mais tarde a atrairá para a leitura. Leia 10 dicas para ensinar seu filho gostar
de ler.
o
As histórias são um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento
psicológico e moral que pode ser utilizado como recurso auxiliar da manutenção
da saúde mental do
indivíduo em crescimento.
o
As histórias instruem – ao enriquecer o vocabulário infantil, amplia seu
mundo de ideias e conhecimentos e desenvolve a linguagem e o pensamento.
o
As histórias educam e estimulam o desenvolvimento da atenção, da
imaginação, observação, memória, reflexão e linguagem.
o
As histórias cultivam a sensibilidade, e isso significa educar o
espírito. A literatura e os contos de fadasdirigem a criança
para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as
experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter.
o
As histórias facilitam a adaptação da criança ao meio ambiente, pela
incorporação de valores sociais e morais que ela capta da vida de seus
personagens.
o
As histórias recreiam, distraem, descarregam as tensões, aliviam as
sobrecargas emocionais e auxiliam, muitas vezes, a resolver conflitos
emocionais próprios. Exemplo: por alguma razão, uma criança é repreendida pela
mãe. Não podendo reagir diretamente à “agressão”, identificará a “agressora” na
pessoa má do conto. A história funcionará, dessa forma, como antídoto na
solução de seus problemas infantis. Será um fator importante na procura do
equilíbrio emocional.
Percebe-se então, o quanto é importante que o professor esteja atento às
reações infantis perante as histórias contadas, podendo ser de grande ajuda
para compreensão da realidade de cada uma das crianças.
10 mandamentos da
contação de histórias
1. Escolha uma
história da qual você goste muito e deseje contar.
2. Leia essa história
muitas vezes.
3. Feche os olhos e
imagine o cenário, os personagens, o tempo e outros elementos constituintes do
enredo.
4. Escolha a voz para
o narrador e para as personagens da história.
7. Tenha cuidado com sua
postura e os vícios de linguagem.
8. Conte para alguém
antes de contar para todo mundo.
9. Na hora de contar,
olhe para todo: olhar diz muita coisa.
10. Seja natural, deixe
falar seu coração e seduza o ouvinte para que ele deseje ouvir novamente.
Que história contar? Sugestões por faixa etária
Pré-escolares: até 3 anos
o
Histórias de bichos.
o
Contos rítmicos que sejam leves, lúdicos, bem humorados e curtos.
o
Cantigas de ninar.
o
Veja dicas de livros para faixa etária de 3 anos.
Fase pré-mágica: de 3 a 6 anos
o
Histórias de bichos.
o
Pequenos contos de fadas com enredo simples e poucas personagens.
o
Poemas simples.
o
Trava-línguas.
o
Parlendas.
o
Cantigas de rodas.
o
Veja dicas de livros para a faixa etária de 5 anos.
Fase escolar: 7 anos
o
Histórias de crianças, animais e encantamentos.
o
Contos de fadas mais elaborados.
o
Aventuras no ambiente próximo: família e comunidade.
Fase escolar: 8 anos
o
Histórias humorísticas.
o
Contos de fadas mais elaborados.
o
Lendas folclóricas.
Fase escolar: 9 anos
o
Mitos.
o
Contos de fadas mais elaborados.
o
Antigo testamento como mito.
o
Histórias verídicas.
o
Histórias de humor.
Fase escolar: 10 anos
o
Mitos.
o
Mitologia nórdica.
o
Narrativas de viagens.
o
Histórias verídicas.
Fase escolar: 11 anos
o
Mitos (hindus, persas, árabes, egípcios).
o
Narrativas de viagens.
o
Histórias verídicas.
o
Mitos de heróis.
Fase escolar: 12 anos em diante
o
Narrativas de viagens
o
Histórias verídicas
o
Biografias e romances
Técnicas para
contação de histórias
o
Contação: adaptação do contador ou história decorada na íntegra.
o
Com o livro: leitura dinâmica, dramatizada, com as ilustrações do livro.
o
Com gravuras: varal, livro ampliado.
o
Com fanelógrafo: gravuras coloridas, dobraduras, sombras – usar o velcro
atrás.
o
Com desenhos: desenhar as personagens enquanto vai contando a história.
o
Fantoches: de varetas, dedoches, de caixinhas, de papel machê, de meias,
de EVA, de espuma, de feltro ou qualquer outro material que sua criatividade
permitir.
Importante observar
ao contar uma história
Conversa prévia
Receba as crianças individualmente, dando o máximo de atenção que puder
para cada uma, sempre de forma muito afetiva. Converse com o grupo e estabeleça
algumas regras para a contação. Lembre-se também de criar um certo suspense
antes do início da história.
A preparação
Esteja com os materiais organizados, suficientes para a contação e para
a atividade posterior (se houver). É muito importante ter segurança em relação
àquilo que se vai contar, o que começa com você mesmo gostar da história.
A duração da narrativa
Respeite o interesse da turma, a faixa etária e o ambiente (muito
quente/frio).
Lidando com
interrupções
Aproveite as interferências dos alunos para enriquecer a história, mas
não deixe de combinar antecipadamente com eles sobre o que eles podem ou não
fazer durante a contação.
Conversa depois da
história
É importante que o momento da contação tenha um final bem definido – um
bom recurso é concluir a história com uma rima ou aplauso diferente. Por
exemplo: “Bata palmas quem gostou do era uma vez, quem não gostou que fique
para outra vez!”.
O preparo geral
Para quem eu contarei? Onde eu contarei? Com que finalidade contarei?
Como marcarei o clímax? Como prepararei o ambiente? Como trabalharei os
elementos surpresa? Que gestos e roupas usarei? Como prepararei minha
voz?
Contação
A história deve ser contada calmamente, porém com ritmo e entusiasmo,
criando uma expectativa positiva com relação aos acontecimentos.
O bom contador de
histórias deve observar, ainda:
o
Local
o
Luminosidade
o
Acomodações
o
Presença de sons externos
o
O nível de atenção das crianças
o
O cenário
o
O elemento surpresa
o
O desfecho
Importante: Nem toda história precisa dar lição de moral ou conduta no
final. A hora do conto deve ser um momento de prazer e diversão, não apenas a
continuação de uma aula conteudista. Não dê explicações psicológicas sobre a
conduta dos personagens e muito menos as associe a atitudes individuais de
alunos.
Atividades
artísticas decorrentes da história
Após a contação, é sempre importante realizar um trabalho em que as
crianças se envolvam e relembrem o que foi contado. Nessa hora, é preciso
considerar a faixa etária de cada grupo, o que vai guiar você a realizar
diferentes tipos de atividades. Abaixo, elenquei algumas que podem ser
aplicadas, modificadas e expandidas conforme o seu caso:
o
Dobraduras das personagens
o
Desenhos das personagens que mais gostou
o
Construção com sucatas
o
Música sobre a história
o
Fantoches diversos
o
Bonecos com papel machê
o
Máscaras
o
Construção de livrinhos
o
Dramatizações
o
Fantasias
o
Teatro de sombras
o
Painéis
Permita que seu filho ou seus alunos adentrem nesse mundo fantástico das
histórias!
GAZOLA, André Augusto. Contação de Histórias - O Guia Definitivo. Disponível em: http://www.lendo.org/guia-definitivo-contacao-historias/ Acesso em 24 de Jun.2014