quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Cuia,uma arte indígena encantadora


                      
Na primeira quinzena de Setembro,estive na cidade de Marudá,durante o IV Jogos Tradicionais Indígenas do Pará, ministrando oficina de rádio para os confrades da rádio Tropical.E como os hotéis estavam lotados,fiquei hospedada em uma casa,só que em Marapanim. Lá encontrei um quintal grande que termina no mangue, e recebe a água da maré quando sobe,dando-nos um belo visual, ornamentado por algumas árvores frutíferas,entre elas três lindos pés de cuieiras.
                 
A árvore fica carregada de frutos
Durante minha vida,apenas duas vezes tive contato com pés de cuieiras e este segundo encontro, eu não pude deixar passar em branco.Com seus frutos grandes a árvore cujo nome cietífico é Crescentia cujete, também é conhecida como cabaça, coité ou cuieira pertencendo a família das Bignomiáceas. É uma árvore baixa, frondosa e de caule torto como você pode ver nas fotos. E que frutos lindos ela dá!
                          
A fruta é grande,pesada e muito bonita
                   
                                 
Por tudo que ela nos proporciona,o mínimo que podemos fazer em retribuição para com a natureza é a preservação da espécie,que já não encontramos em abundância como na época de minha avó.Aqui neste quintal,as árvores de cuieiras estão preservadas,servindo de abrigos para pássaros,patos e galinhas.
                 

A parte externa dos frutos da cuieira é dura, e para se abrir é preciso serrá-la. Minha nova amiga Rosileide, moradora da região fez isso com maestria,por que eu .....bom deixa pra lá!
                     

A cuia como a chamamos, depois da retirada total das sementes envoltas em uma massa branca, fica quase pronta para ser usada.Só precisa de um "trato" especial.
                   
De acordo com a tradição de nossos parentes indígenas, depois da retirada da massa, a cuia passa por um processo natural de proteção interessante e inusitado.O  tratamento inicia-se com o “mergulho da cuia em urina pura”!Como assim? O mergulho na urina,que pode ser de qualquer pessoa é para fechar os poros da cuia,preparando-a para receber depois a resina da árvore do cumatê,uma espécie de breu que tem o poder de deixar a superfície da cuia lisa e brilhante,o que vai favorecer o novo visual, que poderá ser decorado com traços indígenas.
                                                                      
                                     
                                                                                      
Decoradas ou não as peças são bonitas e diferentes.
E podem ser usadas para expor alimentos ou beber algo, como é o caso do nosso  Tacacá,bebida típica da Amazônia.
                        

No meu caso, depois de tratá-las,serão utilizadas como utensílio de cozinha, indo inclusive à mesa com alimentos,substituindo travessas ou panelas. Pretendo registrar e mostrar o processo de embelezamento depois.
                         
Quero avisar aos "parentes", que vou começar a fazer  em casa o tratamento de embelezamento das peças.Depois que estiverem prontas irei presenteá-los, mas o processo é outro,estou usando tintas mesmo tá! A “urina”quem sabe....fica para uma outra oportunidade kkkkkkkk .Bjss.

























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